Azul esquece o Rio e prioriza Viracopos

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A Fecomércio RJ vem promovendo rodadas de entendimento e estudos técnicos de acompanhamento das novas concessões de rodovias e aeroportos federais, visando melhorar a infraestrutura e reduzir os custos logísticos do transporte de cargas e passageiros, questões de grande importância para o comércio, os serviços e o turismo.

Foto: GettyImages

Decepcionada, a Fecomércio RJ registra seu protesto com relação às absurdas alterações que a Azul Linhas Aéreas efetuou nos voos entre o Rio e Campos / Macaé a partir de 09 de agosto de 2022. De acordo com o anúncio original, a empresa iria transferir todos os voos com partida/chegada do Santos Dumont para Viracopos (SP), extinguindo voos diretos entre a capital do Estado e o Norte Fluminense, mas frente a protestos de políticos e entidades empresariais, inclusive a nossa, a empresa anunciou que os principais voos iriam partir de Viracopos, porém havia alocado alguns voos partindo também do Santos Dumont (SDU).

Difícil compreender qual das duas ações da Azul foi mais absurda. Os voos que a empresa está mantendo no Rio (SDU) estão sendo operados por pequeníssimas aeronaves turboélice monomotor Caravan para nove passageiros, frente aos ATR 72 para 70 passageiros de antes, que aliás saíam com mais de 70% de ocupação, e, frequentemente, estavam lotados. Agora, a maioria dos passageiros do Rio terá de ir a Viracopos fazendo transbordo de aeronave, em voos que somarão no mínimo quatro horas de duração e, obviamente, com passagem de valor muito maior para poder chegar em Campos ou Macaé, restando apenas 36 assentos diários em voo direto do Rio.

Mas por que a Azul pretendia tal absurdo? Aparentemente, a estratégia inicial da transferência dos voos de Campos e Macaé do Santos Dumont (SDU) seria a de aumentar o aproveitamento dos slots que a empresa detém para estas linhas no SDU, aeroporto altamente demandado, trocando linhas que operam com aeronaves de 70 passageiros, por outras rotas com aeronaves de maior porte para 136 passageiros, em voos mais longos, tal como Guarulhos, Brasília etc. Fato amplamente divulgado pela empresa, e que só não restou concretizado face a fortes pressões exercidas por políticos e entidades empresariais, inclusive a nossa.

Vale destacar que se trata de ação puramente de mercado, onde a Azul busca concentrar ainda mais passageiros no Santos Dumont, e decorre principalmente da falta de ação regulatória e de política pública da SAC – Secretaria Nacional de Aviação Civil –, que insiste em não limitar as operações no SDU, um aeroporto que notoriamente opera acima da capacidade nas horas-pico, e periodicamente em função de questões meteorológicas, tem seus voos transferidos para o Galeão, assunto que não tem sido ouvido pela autoridade federal, ou mesmo lido nas correspondências que encaminhamos conjuntamente com a ACRJ e FIRJAN.

Outra questão seria a de “estimular” o Estado a reduzir o ICMS sobre o querosene de aviação nos voos do SDU, e em contrapartida manter os voos do Norte do Estado além de operar alguns outros destinos, uma proposta tipo “trocar sessenta por seis”. A solução Azul não foi boa para o Rio e péssima para a maioria dos usuários.

 

Delmo Pinho e Luiz Velloso

Assessores da Presidência da Fecomércio RJ

 

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