Entendimento para superar a crise aeroportuária do Rio de Janeiro

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Delmo Pinho – Assessor da Presidência da Fecomércio RJ | Ex-Secretário Estadual de Transportes

O Rio sofre já há alguns anos os efeitos da fragmentação de sua malha doméstica, concentrada no Santos Dumont (SDU), onde estão 2/3 dos passageiros, frente a apenas 1/3 deles no Galeão, o que por sua vez afeta a conectividade do aeroporto internacional, já que 6 voos domésticos viabilizam 1 voo internacional. O resultado prático é que hoje o mercado Rio (SDU e Galeão somados) é servido por apenas 30 destinos nacionais, frente a Porto Alegre e Cuiabá (33), Recife (39), Belo Horizonte (43), Brasília (44) e Campinas (60).

A modelagem de concessão do SDU para operação privada é oportuna e necessária, mas para ocorrer e se transformar num ponto de apoio ao desenvolvimento do Rio, a proposta apresentada pela ANAC precisará ser bastante alterada. Não há como se admitir a proposta de ampliação de 60% na capacidade operacional do SDU, que passaria de 9 milhões de passageiros/ano, para 14,6 milhões.

A recente criação de um Grupo de Trabalho conjunto União (5 membros) e Rio de Janeiro (6 membros), onde a Fecomércio RJ tem assento privilegiado, tem o objetivo de reavaliar a modelagem proposta, e viabilizar o necessário equilíbrio e uso complementar entre os dois aeroportos.

Nesta empreitada, três pontos são fundamentais:

  • A consolidação do Hub Aéreo Internacional é estratégica para o Rio, por sua interdependência com o turismo, serviços, comércio e indústria, atividades que se beneficiam da operação de grandes aeronaves de passageiros que simultaneamente oferecem alta capacidade de transporte de cargas em seus porões. Tal característica não é possível no SDU em vista de sua pequena pista de pouso e da limitada Operação por Instrumentos Não Precisão. No contraponto, o Galeão foi o único aeroporto brasileiro planejado e construído para ser um Hub Internacional, onde nos últimos 50 anos a União investiu diretamente mais de US$ 5 bilhões;

 

  • A compreensão da extensão e consequências das crises políticas e econômicas que se abateram sobre o Rio nos últimos anos, num cenário de grandes dificuldades, em que a economia começa a se recuperar, e o Galeão é uma de nossas principais alavancas para apoiar um crescimento mais acelerado, e portanto não pode simplesmente ser deixado de lado, e;

 

  • No cenário Anac os voos estariam cada vez mais concentrados num aeroporto pequeno (SDU), que nunca poderá exercer o papel de hub internacional, e o Rio se transformaria cada vez mais num alimentador (“FEEDER”) de outros estados. A reversão deste cenário é, portanto, fundamental e indiável.

 

Tais ponderações tem sido o cerne da atuação da Fecomércio RJ nas três reuniões já realizadas do GT, onde buscamos demonstrar que o SDU se aproxima de seus limites operacionais, que pode e deve melhor qualificar seus serviços – afinal é um dos mais centrais aeroportos do mundo. E que o Hub Aéreo Internacional do Galeão é um grande investimento já feito pelo país, e seu uso pleno é uma questão de coerência e uma prioridade para o Rio e para o Brasil

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