A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) promoveu, na última sexta-feira (dia 27), a live ‘Pix e as funcionalidades para negócios’, com a participação de executivos do Banco Central e da Fecomércio SP. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, falou sobre a importância dessa nova funcionalidade. “Este novo modelo de pagamento é rápido, fácil e bem atrativo para o consumidor. Este serviço vem revolucionando a forma como as pessoas lidam com o dinheiro, ajudando, também, empresários, uma vez que o dinheiro cai na conta na hora”, destacou.
João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central do Brasil, foi o primeiro palestrante a apresentar essa novidade aos empresários. “Temos uma revolução digital, em que a infraestrutura de telefone celular interfere nos pagamentos, no crédito, no sistema financeiro e em toda a economia. Temos, no Brasil, um uso ainda bastante grande de dinheiro vivo. A obrigação do Banco Central é ofertar o papel moeda, mas se trata de uma forma de pagamento cara para a sociedade brasileira. As estimativas das federações dos bancos brasileiras mostram que o manejo e a logística de transportar o papel moeda no Brasil gera gastos de mais de R$10 bilhões por ano. É um custo que toda sociedade paga, não só os bancos nem cooperativas. Esse custo é a parte quantificável, a outra que é difícil quantificar é a segurança pública. Outro aspecto que culminou na criação do PIX foram as lacunas, como custo, conveniência, mesmo com os meios de pagamento já eletrônicos, transferências bancárias como TED e DOC”, explicou o diretor.
Mello esclareceu as características que tornam o sistema PIX único. “É rápido, o dinheiro sai da conta e entra na conta de quem recebe é até 10 segundos, por isso chamamos de pagamento instantâneo. É fácil, o pequeno varejista pode imprimir o QR Code e colar no balcão. O cliente entra no aplicativo do banco, selecionar pagar PIX e leitura de QR Code. Ao abrir a câmera, selecionar o montante de pagamento e confirmar, já consta o pagamento, que entra logo em seguida na conta do varejista. Ele também comporta pagamento entre empresas. Além disso, é um sistema disponível, funciona 24 horas por dia. Foi construído para ser um meio de pagamento extremamente barato. Para o consumidor será sempre de graça. É, ainda, uma ferramenta integrada, onde transita, além do dinheiro, a informação. O comerciante eletrônico, por exemplo, recebe na mesma hora a informação de que o pagamento chegou e a mercadoria já pode ser enviada. Isso facilita manejo do estoque. Por fim, o PIX é extremamente seguro. A autenticação, a identificação biométrica e dupla camada de senha são feitas no aplicativo do banco. Este sistema foi construído com bancos, fintechs, e outras instituições usando proteção que já existe em outras formas e vários procedimentos de segurança que constatam quando se trata de uma fraude”, ressaltou.
O executivo também falou sobre a questão das chaves de segurança. “É bom variar as chaves de acordo com os bancos. É possível também cadastrar várias chaves em uma conta só. Caso a pessoa troque de banco, é possível portar a chave, de maneira fácil, com o mesmo princípio de portabilidade. A chave não identifica pagador, mas sim para onde o dinheiro vai”, afirmou Mello.
Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe da Divisão Econômica da CNC e Ex-Diretor do Banco Central, também participou do evento. “O Banco Central garante a segurança do sistema. É um sistema altamente competitivo, bem mais barato e bom para todo mundo”, comentou.
Carlos Eduardo Brandt, chefe adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Branco Central do Brasil, falou sobre outros aspectos do PIX. “Com o PIX, junto com a ordem financeira, você já leva a informação de forma imediata. A empresa já recebe o valor financeiro e já pode automatizar o envio. Se você olha o cartão de crédito comparando com o boleto, você ganha essa rapidez. Porém, com o cartão, o lojista demora 30 dias para receber e está mais exposto a questões de segurança. É muito mais vantajoso para o e-commerce utilizar o PIX do que as outras formas de pagamento”, afirmou Brandt.
O executivo comentou, também, sobre a perspectiva do sistema bancário com essa nova funcionalidade. “Até 26 de novembro, mais de 89 milhões de chaves foram cadastradas, sendo 32 milhões pelo CPF. As pessoas podem associar mais de uma chave a uma conta. Em relação à percepção de poucas chaves registradas para pessoa jurídica, de forma geral, as empresas vão, sim, ter sua chave, e utilizarão uma dinâmica diferente que é a do QR Code, é um atrativo que facilita o processo de venda. O sistema gera eletronização de pagamentos e inclusão financeira. Há estudos que comprovam o quanto é mais eficiente realizar pagamentos eletrônicos. O Banco Central entra oferecendo um meio de pagamento barato, não só para quem está dentro do sistema financeiro. O objetivo do PIX é conscientizar as pessoas a usarem esse novo tipo de pagamento e não o papel moeda. O PIX traz uma dinâmica de pagamento fácil para quem usa smartphone e um instrumento gratuito, eliminando o fator custo. As pessoas têm que entender que o PIX é simples de usar e sem custo. O sistema também melhora o dia a dia dos clientes, através do fim das filas, devolução facilitada e redução de conflitos. Uma grande empresa de telefonia nos relatou a dificuldade de se localizar um pagamento, então o PIX é um facilitador nesse sentido”, concluiu o chefe adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Branco Central do Brasil.
Fabio Pina, economista chefe da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e ex-Subsecretário de comércio e serviços, falou sobre as implicações do PIX para as empresas do setor. “O PIX é uma continuação de uma agenda do Banco Central, que vem acertando bastante. O Brasil possui um sistema financeiro muito eficiente. O mundo acelerou rapidamente e, com influência da China, estávamos um pouco para trás por conta dos pagamentos imediatos. Com o PIX, voltamos para frente com um modelo fácil e inclusivo, além de gerar modernidade. Empresas pequenas terão um grau de competitividade grande dentro dos aplicativos de celular. O Brasil ainda tem grande número de transações em dinheiro. Vamos, gradativamente, mudar para um grau de formalização que considero excelente. A Caixa Econômica e o governo conseguiram bancalizar muitas pessoas na pandemia. O sistema financeiro no Brasil tem um grau de sofisticação. O PIX é bom para a sociedade, cumprindo todas essas características. Tudo que for feito para aumentar a competição é bem-vindo”, finalizou a economista.